Decorridos 4 meses depois da abertura oficial e inicio da campanha, a Guiné Bissau exportou segundo dados do Ministério do Comércio, 70.000 Toneladas de Castanha, restando no país, entre armazéns em Bissau e no interior em stoks, aproximadamente 80.000 Toneladas.
As Leis e regras que deviam disciplinar o normal funcionamento da cadeia de Caju, são completamente violadas e ignoradas criando como conseqüência a desconfiança, desde o Produtor, Intermediário de Esciamento, Exportadores, Processadores e Bancos Comerciais.
A politização sobretudo no que refere a Fixação dos Preços de Referência e Obrigação de cumprimento do Preço Minimo ao Produtor uma autêntica aberração tem criado distorções do funcionamento do Mercado.
Mais uma vez é preciso chamar a atenção de que a Guiné-Bissau a semelhança dos demais paises produtores e exportadore somos tomadores de Preços e esta é formada de fora para dentro e depende de seguintes factores:
Aumento de Produção global e consequentemente de oferta, arrefecimento de consumo de Nozes e Frutos Secos devido ao abrandamento do crescimento das economias dos principais paises consumidores da amêndoa, como a India, Estados Unidos, Europa, Paises de Bacia de Pacifico, etc.
Quando é assim os consumidores procuram produtos alternativos mais baratos como Pistacho, Amendoim e Avelã em substituição as Amêndoas de Caju, Califórnia e Mediterrânica.
É importante chamar a atenção de que a previsão do comportamento das industrias de transformação dos 2 paises que compram a Castanha da Guiné-Bissau, ou seja India e Vietnam para 2019 não são nada animadores.
Muitas fábricas na India fecharam por razões de crise.
No Vietnam as Unidades fabris deparam com problemas de regularização dos créditos de financiamento para a compra de Castanha do exterior, uma vez que a produção interna não é suficiente para cobrir as necessidades da capacidade industrial instalada.
Uma outra explicação da queda dos Preços internacionais tem haver com o aumento de Matéria Prima ao nivel mundial, também precisamos compreender de que obter margens do tipo 300 Usd ou 400 Usd por Ton deixou de acontecer, os ganhos estão na venda de amêndoa, solução é o processamento.
Se continuarmos a teimar em não aprender a Lição de como é que funciona o Mercado das COMMODITIES AGRÍCOLAS e Derivativos, vamos continuar a ter problemas, iludindo os nossos Agricultores.
Nós não mandamos no mercado, este não tem amigo, nem parente e nem padrinho, funciona com base nos fundamentos da oferta e procura e a Lógica dos Efeitos de substituição das Nozes atrás referida.
Em relação a PRODUÇÃO está a revelar claros sinais de ESTAGNAÇÃO senão vejamos: em 2016, a Guiné-Bissau exportou 192.000 Toneladas, em 2017; 168.000 Ton. Em 2018; prevê-se exportar 150.000 Ton.
Um outro dado muito sério tem a haver com a superfície coberta com os Cajueiros, segundo o relatório de estudo da empresa Francesa SOFRECO, o Caju ocupa uma área de 507.000 hectar e com a média de 450 kg/ha o que é muito baixo em termos de rendimentos. A nossa produção total é de aproximadamente 250.000 Ton considerando que algo como 30 mil ou 40.000 ton é comercializada de forma clandestina para o Senegal.
Com o tamanho de superfície de plantação o ideal seria termos a Produção total na ordem de 300.000 a 350.000 Ton por ano.
Se continuarmos a não intervir de forma organizada na componente Produção corremos sérios riscos de num horizonte de 10 anos vor a conhecer Quebra ou Redução Drástica na produção mesmo porque os Cajueiros apartir dos 30 anos começam a registar o declinio de Produção.
É um Ativo Biológico precisa de cuidados e outrossim precisamos diversificar as culturas de Renda e de exportação.
Não podemos continuar a ver o Caju ou ter o produto CAJU como um Bálsamo para resolver todos os problemas da nossa economia inclusive dos Agricultores que precisam e devem diversificar.
Henrique Mendes
Mestre em Ciência e Engenharia de Alimentos