sexta-feira, 30 de setembro de 2022
CASO 1 DE FEVEREIRO: Familiares criticam "ordens superiores" que impedem a libertação do Julio Nhate
FONTE: O DEMOCRATA
Um dos irmãos do general Júlio Nhate, detido no dia 16 de fevereiro deste ano na sequência da tentativa golpe de estado de 1 de fevereiro, insurgiu-se contra a “ordem superior” que impede a soltura do seu irmão e disse que a sua detenção está associada ao medo que têm dele vir a assumir a liderança dos militares guineenses.
Em conferência de imprensa, esta terça-feira, 27 de setembro de 2022, Roberto Fetchena disse que é de conhecimento público que o seu irmão tinha sido libertado por não ter cometido nenhum crime, nem estar envolvido na tentativa de golpe de estado.
“Mas o Estado-Maior não quer que seja solto, por isso recorremos ao chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló. Não nos resta mais nada, depois da LIGA. Se for morrer, que morra porque é o que as pessoas desejam”, disse, para de seguida avançar que “se não fosse inveja, teria sido libertado. Aliás, havia decisões judiciais neste sentido. O juiz de Instrução Criminal ordenou a sua soltura porque o nome de Júlio Nhate não estava na lista dos acusados e detidos”.
“Não digo que alguém se sentiu incapaz perante Júlio Nhate, talvez estejam com medo que venha a ser indicado como Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas”, sublinhou.
As informações dos familiares indicam que Júlio Nhate está internado há um mês e duas semanas no Hospital Militar a receber cuidados médicos, ainda assim denunciam que as condições em se encontra não são dignas e exigem que seja evacuado de imediato para tratamento médico mais especializado.
“Júlio padece de problemas de rins e neste momento apresenta outros problemas graves. Não pode ficar muito tempo sem usar sonda uretral”, indicou e afirmou que não apresenta sinais de tortura nem está algemado, mas está sob vigilância. Os familiares dizem terem cumprido todos os requisitos exigidos para que fosse solto e evacuado para tratamento médico no estrangeiro e depois julgado, caso o Estado tiver algo contra ele.
Júlio Nhate tinha sido posto em liberdade duas vezes, a 8 e 22 de abril deste ano, mas segundo os familiares, “por ordem superior oculta” foi reconduzido às celas.
“O nosso pai não tinha os problemas que apresentou na segunda esquadra. Foi tirado das celas a correr, porque vomitava sangue. Não obstante as diligências, nenhuma urgência foi acionada para evacuação do nosso pai”, disse na sede da LIGA um dos filhos, Fernando Siga, que acusou as autoridades de sequestro do seu pai.
LIGA CRITICA INCUMPRIMENTO DAS DECISÕES JUDICIAIS PROFERIDAS NO CASO 1 DE FEVEREIRO
Em reação, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos LGDH), Augusto Mário da Silva, denunciou o “incumprimento” das decisões tomadas em relação aos detidos no caso de 1 de fevereiro e acusa o Estado de “sequestro”. Segundo a Liga, havendo um despacho que ordena a libertação de cerca de 17 pessoas acusadas e detidas “ilegalmente”, está-se perante um “sequestro” nas diferentes celas prisionais a mando de “uma suposta ordem superior”.
Augusto Mário da Silva lembrou que a Liga havia alertado e reclamado o encerramento das celas da 2ªesquadra, por não disporem das mínimas condições para deter pessoas que estejam em conflito com a lei.
“Há infiltração da água das chuvas, as janelas estão todas estragadas e as casas de banho entupidas. As pessoas entram lá sãs e saem de lá doentes. A maioria dos detidos está a apresentar problemas de enfermidade graves, por causa dasmás condições das celas em que se encontram”, afirmou. Perante esta situação, o presidente da Liga apela ao Estado guineense a adequar a sua conduta aos padrões internacionais dos direitos humanos e às convenções subscritas pelo Estado da Guiné-Bissau e que vinculam o país, bem como dar maior proteção à dignidade humana.
Congresso do MADEM-G15 não desperta grandes expetativas
FONTE: DEUTSCHE WELLE
Analistas guineenses ouvidos pela DW África não esperam nada de extraordinário do Segundo Congresso Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15). E preveem um choque de egos entre os novos membros de destaque.
O congresso, que decorre na Vila de Gardete, no norte da Guiné-Bissau, foi aberto esta sexta-feira (30/09). Para já, sabe-se pouco sobre o número de delegados, calculados em mais de dois mil, e quem serão os concorrentes à liderança do MADEM-G15. A única certeza é que Braima Camará, coordenador Nacional do Partido, que ambiciona o cargo do primeiro-ministro, se candidata à sua própria sucessão.
O MADEM-g15 reúne os seus militantes sob o lema: "Consolidar o Partido, Promover a Unidade Nacional e Desenvolver a Guiné-Bissau" num congresso que chama as atenções, mas do qual o jornalista Sabino Santos não espera muitas mudanças.
"Acho que este segundo congresso, antes de tudo, servirá para legitimar a figura de Braima Camará como coordenador Nacional do Partido", disse o analista às DW África. O próprio congresso, adianta, vai sobretudo debater assuntos inerentes aos estatutos.
Choque de egos?
Os novos militantes do MADEM-G15 incluem altas figuras políticas oriundas do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Nos últimos dias decidiram juntar-se ao Movimento para Alternância Democrática o ex-presidente da República, José Mário Vaz, e a atual ministra dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa.
Mas para Sabino Santos, por causa das adesões recentes, o MADEM-G15 terá novos desafios após o congresso: "Haverá outro problema, que é de gerir os egos, gerir as sensibilidades e as figuras que estão a aderir ao movimento", explica, acrescentando: "Por exemplo, na eventualidade de termos, nos próximos tempos, as eleições [legislativas] como é que será a composição das listas [de candidatos a deputado] e onde é que ficará Suzi Barbosa"?
Na Guiné-Bissau, o antes e pós-congresso costuma ser marcado por desconfiança e crónicos desentendimentos dentro dos partidos, cujas consequências acabam por afetar a estabilidade do país.
Apelo ao sentido de responsabilidade
Gueri Gomes, o coordenador Nacional do Fórum das Organizações da Sociedade Civil da África Ocidental, apela a uma conduta diferente do MADEM-G15: "Nós esperamos que o MADEM-G15, depois do seu congresso, tenha condições efetivas, enquanto partido que tem responsabilidades com a Guiné-Bissau, de poder redefinir e reposicionar as suas ações para melhor contribuir no processo da estabilização da Guiné-Bissau".
O Movimento para Alternância Democrática, que obteve 27 mandatos nas últimas eleições legislativas, tornou-se na segunda maior força política do país. É constituído na maioria por figuras expulsas ou que decidiram deixar voluntariamente o PAIGC, em 2015, depois de desentendimentos com a direção de Domingos Simões Pereira.
CABO VERDE: Guineense morto a tiro na zona de Bela Vista
Um guineense foi morto a tiro, hoje no período da manhã, quando regressava do trabalho, por um assaltante, no bairro de Bela Vista (Praia), nas imediações da fábrica de colchões.
Segundo uma residente que acompanhou o caso entrevistada pelo Asemanaonline, o indivíduo terá morrido no local do crime e não no hospital central Agostinho Neto como admitiu incialmente. É que a vítima não resistiu aos ferimentos graves que sofreu.
Segundo a mesma fonte, a polícia esteve nessa zona periférica da capital cabo-verdiana a investigar o caso, com vista à identificação e detenção do suspeito desse novo crime de sangue registado no concelho da Praia.
De realçar que as ocorrências de criminalidade registadas pela Polícia Nacional em Cabo Verde aumentaram 33% em 2021, interrompendo um ciclo de cinco anos em queda, sendo que mais de metade dos crimes foi contra o património, segundo anunciou na época o diretor-nacional da Polícia Nacional, Emanuel Moreno, citado pela Lusa.
quinta-feira, 29 de setembro de 2022
PRS REAGE FACE À ACTUAL SITUAÇÃO CRÍTICA NA GUINÉ-BISSAU
Fernando Dias da Costa, Presidente em Exercício do PRS, em conferência de imprensa ontem ( 28.09.2022), na sede principal do parrido, reagiu sobre o despacho do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, que insta 30 dias aos partidos políticos para provarem suas existência de vida, deste, o líder dos renovadores considera que, esta atitude de STJ só podia ser uma atuação de intenções ocultas antecipadas, pois se não, o órgão em si, por ser de natureza passiva atua como sempre apenas em sede própria.
Na ocasião também, serviu para o líder dos Renovadores, reagir sobre atual situação crítica no setor da educação e saúde, do qual lameta profundamente da incapacidade do governo em dar resposta às problemáticas sociais e que optou por caminhos descabidos, incompreensíveis e inaceitáveis.
Ainda serviu para o lider dos Renovadores esclarecer, e provar quão o PRS está equidistante de políticas e de decisões deste governo. Ao qual justifica que, o PRS não tem nenhuma responsabilidade face atual situação negativa no país, por ser uma decisão tomadas do conselho ministro e que obriga os inferiores hierárquicos para a sua aplicação, então, não há como responsabilizar o PRS desta má governação. Não obstante, os ministros responsáveis de instituições afetos a estas crises são militantes do PRS, mas atuam exclusivamente pela orientação de quem preside o conselho de ministro.
Perguntado se o PRS abandonaria o governo? Respondeu pronta e imediatamente que, o PRS nunca formalizou sua entrada nesse governo, e que só se sai num sítio, se for vc que decidu entrar ou se tivesse formalizado sua entrada.
A hora não é de palavras, más sim de ação;
PRS Partido de Povo, ao lado do povo e para povo!
O povo em reivindicações podem contar com apoio plena do PRS. Rumo às vitórias eleitorais!
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
Guiné-Bissau ratifica acordo para Zona de Comércio Livre Continental Africana
FONTE: LUSA
A Guiné-Bissau ratificou o acordo para integração na Zona de Comércio Livre Continental Africana, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros guineense numa mensagem divulgada na rede social Facebook.
Na mensagem, o Ministério dos Negócios Estrangeiros refere que "já depositou o seu instrumento de ratificação".
A Guiné-Bissau é o 44.º país a ratificar o acordo, que assinou em fevereiro de 2019.
Segundo um relatório do Banco Mundial, o acordo vai criar a "maior zona de comércio livre do mundo medida pelo número de países participantes" e tem potencial para "retirar 30 milhões de pessoas da pobreza extrema" se forem adotadas reformas políticas e comerciais "significativas".
"A criação do vasto mercado regional representa uma importante oportunidade para ajudar países africanos a diversificarem as suas exportações, acelerarem o crescimento e atraírem investimento direto estrangeiro", refere o relatório, denominado "AfCTA: Efeitos Económicos e Distribuição".
O Banco Mundial salienta que para ser criar o "mercado continental será necessário um esforço determinado para reduzir todos os custos de comércio" e os governos vão ter de desenhar "políticas destinadas a aumentar a agilidade das suas forças de trabalho para tirarem partido de novas oportunidades".
O acordo para a criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana tem, segundo o Banco Mundial, potencial para tirar 30 milhões de africanos da pobreza extrema, aumentar o rendimento de África, bem como as exportações e promover o pagamento de salários maiores às mulheres, aos trabalhadores qualificados e não qualificados.
No caso da Guiné-Bissau, o Banco Mundial refere que, por exemplo, a taxa de pobreza cairia de 37,9% para 27,7%.
Grupo de partidos guineenses alerta parlamento para irregularidades na CNE
FONTE: LUSA
Um grupo de partidos guineenses alertou hoje a comissão permanente do parlamento sobre alegadas irregularidades no funcionamento da Comissão Nacional de Eleições (CNE), tendo em vista as eleições legislativas antecipadas de 18 de dezembro.
Segundo o porta-voz do grupo de sete partidos, Agnelo Regala, líder da União para a Mudança, o processo que deve conduzir às eleições tem sido marcado por "algumas irregularidades e inconstitucionalidade".
Entre outros, fazem parte do grupo, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), União para a Mudança (UM), ambos com representação no parlamento dissolvido em maio pelo chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló.
O grupo defende que não houve o respeito pela Constituição na marcação da data de eleições legislativas antecipadas, decretadas por Sissoco Embaló.
A Constituição ordena que sejam 90 dias após a dissolução do parlamento, realçou Agnelo Regala, líder da UM.
"O segundo aspeto prende-se com a caducidade da Comissão Nacional de Eleições", desde abril, notou o dirigente guineense para salientar que o órgão "normalmente" é eleito para um período de quatro anos.
Agnelo Regala reforçou ainda a tese dos sete partidos para defender que a CNE "não tem quórum" para funcionar a partir do momento em que o seu presidente eleito, José Pedro Sambu, foi eleito líder do Supremo Tribunal de Justiça e um dos secretários-executivos adjuntos, Idriça Djaló, ter sido "eleito e tomado posse" como juiz do Tribunal de Contas.
"Isso marca a incompatibilidade dos dois, tanto do presidente do Supremo Tribunal como de quem tomou posse como juiz conselheiro do Tribunal de Contas", observou o porta-voz do grupo de partidos que hoje entregou uma carta à segunda vice-presidente do parlamento, Satu Camará.
Para os sete partidos, "não há quórum sequer" para que a CNE se possa reunir.
No passado dia 20, o presidente interino da CNE, o juiz Mpabi Kaby disse à Lusa que o órgão continua a ter quórum, negou que Idriça Djaló tenha assumido funções no Tribunal de Contas e avançou que escreveu uma carta a informar ao tribunal que não vai tomar posse nas novas funções até à realização de eleições em dezembro.
Confrontado com esta informação pela Lusa, Agnelo Regala disse não ser esta a indicação que os sete partidos têm.
O porta-voz dos partidos teme que a situação na CNE possa conduzir o país para um bloqueio e assinala que "a melhor solução" passa pela concertação da classe política para alcançar um consenso para que as eleições de 18 de dezembro "sejam livres, justas e transparentes".
"Queremos voltar a ser portugueses"
FONTE: DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Presidente da Associação dos Ex-Combatentes das Forças Armadas Portuguesas na Guiné-Bissau
Entre 1963 e 1974, combateram na Guiné cerca de 250 000 militares portugueses. Desses, cerca de 40 000 eram guineenses, à altura cidadãos portugueses de pleno direito que exerciam o seu dever constitucional de defender a pátria.
Estes militares bateram-se com honra por Portugal. Cumpriam uma obrigação, mas não foram forçados. Sentiam-se portugueses. Juraram a bandeira à sombra da qual nasceram, e defenderam-na sem reserva ou hesitação.
Muitos cobriram-se de glória no campo de batalha. Para lá de alguma ingratidão residual, a maioria dos portugueses lembra Marcelino da Mata com carinho e admiração. Muitos milhares de outros, menos conhecidos, serviram com igual fidelidade a causa nacional.
Estes 40 000 portugueses de verdade, de provas dadas e sangue derramado foram traídos. No rescaldo do 25 de Abril, o novo Portugal não os quis.
António de Almeida Santos, então com a pasta Ultramarina, privou-os sumariamente da nacionalidade portuguesa pelo Decreto-Lei n.º 308-A/75, de 24 de junho de 1975. Do dia para a noite, sem aviso, sem referendo, sem consulta, sem possibilidade de contraditório ou apelo, foram privados do passaporte todos aqueles que, nascidos no Ultramar, não fossem descendentes de europeus ou goeses.
Se alguma vez houve decisão eivada de preconceito racista no Portugal moderno, foi esta: o único critério para a cassação da nacionalidade portuguesa foi a cor da pele. Ter servido, sofrido, sangrado e sacrificado tudo por Portugal no campo de batalha não os poupou àquela arbitrariedade imoral e inconstitucional.
Deixados para trás pelo poder de Lisboa, estes homens foram encarcerados ou mortos pelo novo governo guineense, que os considerava uma ameaça e duvidava da sua lealdade. Cinquenta anos depois, o número total das vítimas continua por conhecer.
Entre 700 e 5000 veteranos do Exército português acabaram fuzilados nos campos de Cumeré, Farim, Mansoa, Bafatá ou Bissau. Muitos foram assassinados com as suas famílias. Outros escaparam para anos de pobreza e abandono no Senegal.
Estas são as histórias dos antigos combatentes guineenses das Forças Armadas Portuguesas. Em pleno 2022, Portugal continua a ignorá-las. Continua sem responder aos pedidos de ajuda dos mutilados de guerra. Continua a não reconhecer qualquer responsabilidade no que aconteceu aos combatentes. Jamais lhes pediu perdão.
A maioria de nós compreenderia se estes militares traídos chegassem a 2022 sentindo ódio pelo país que os deixou para trás. Mas estes homens não são assim. Quarenta e sete anos após a assinatura de Almeida Santos lhes ter roubado a pátria, tudo o que querem é tê-la de volta.
A petição "Nós, antigos combatentes da Guiné, queremos voltar a ser portugueses", da Nova Portugalidade e da Associação dos Ex-Combatentes das Forças Armadas Portuguesas na Guiné-Bissau, apresenta uma reivindicação apenas: que o Estado devolva aos seis mil combatentes sobreviventes a sua dignidade de cidadãos portugueses.
Às mais de mil assinaturas portuguesas recolhidas ao longo da passada semana se juntam outras cinco mil na Guiné: dos combatentes, das suas famílias, de amigos e outros cidadãos movidos por esta causa.
Este é um movimento de todos para alguns dos melhores de nós. Quase cinquenta anos após o decreto de Almeida Santos, o mínimo que podemos fazer é olhar a História de frente, reconhecer esta página triste do nosso passado e remediá-la.
Garantir que os nossos soldados da Guiné não morrem em ostracismo injusto, expulsos da nação que serviram com honra e fidelidade, será uma boa maneira de começar.
terça-feira, 27 de setembro de 2022
Um livro sobre a Guiné-Bissau
Sobre o Autor:
A partir de 1975, como profissional de hotelaria, foi diretor de vários hotéis em Portugal, incluindo Ilha da Madeira, África e Brasil.
Foi também diretor de investimentos na área hoteleira de várias empresas portuguesas, tendo efetuado várias deslocações de estudo para investimentos de grupos portugueses e internacionais em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Senegal, Gambia, África do Sul, Roménia, Marrocos; visitou vários igualmente hotéis em vários países europeus, como França, Espanha, Palma de Maiorca, Bélgica, Itália, Reino Unido, Irlanda, Gibraltar, Alemanha, Holanda, Luxemburgo, Noruega, mas também a República Dominicana, Costa Rica, Brasil, e nas ilhas, Açores e Madeira, bem como muitos outros países, nomeadamente, Tailândia e Sri Lanka.
Nestas viagens pôde conviver e verificar “in loco” a destruição de várias cidades e dos seus hotéis, nomeadamente em África; o objetivo das visitas era fazer a análise da possibilidade de renovação dos hotéis existentes, que se encontravam destruídos, mas que, devido à sua localização, eram uma mais-valia para o investidor.
Em consequência destas viagens, o autor pôde contactar e viver com a realidade nestes países, e tomar conhecimento, com técnicos locais, dos motivos que levaram à destruição dos edifícios que noutros tempos tinham sido referências no mundo da hotelaria.
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
Tragédia em Buba: Adolescente de 17 anos morre na “barraca de fanado”.
FONTE: RÁDIO BANTABA
Um adolescente de 17 anos de idade morreu na barraca de circuncisão [ fanado] esta segunda-feira (26.09) em Buba.
À Rádio TV Bantaba médico colocado no Centro de Saúde de Buba, Nauin Batista Barrai disse que o menor teve “lesões” e que parece ser morta pela “agressão”.
“ O paciente deu entrada ontem por volta de meia noite, a criança já tinha falecido. Depois de exames constatei feridas na parte da perna e nas costas. Tudo indica que, talvez na barraca, teria ocorrido algumas agressões “. Revelou.
Batista Barai disse ainda que “outra criança deu entrada no Centro de Saúde de Buba proveniente da mesma barraca, também com sinais de ferimentos”. Segundo o médico, a segunda menor já se encontra fora do perigo.

Governador da Região de Quinara Mamadu Sanhá disse “ser vergonhoso” a morte da adolescente em nome da tradição. E garante que “a situação está sob investigação das autoridades competentes”.
Mamadu Sanhá admitiu “tomar medidas severas para acabar com práticas que atentam os direitos humanos”.
Yero Serra é pai da vítima, “pede a justiça pela morte do filho” que já teria impedido entrar nos rituais tradicionais.

Na manhã desta segunda-feira alguns familiares da vítima tentaram invadir o local onde cerca de cem crianças se encontram noa rituais de circuncisão masculino, sena impedida pelas forças de ordem.
ONU: Mali acusa França de armar e financiar terroristas no seu território
FONTE: LUSA
O Governo do Mali acusou ontem a França de "armar, financiar e equipar grupos terroristas" em território maliano, numa dura acusação contra a antiga potência colonial proferida durante o seu discurso perante a Assembleia-Geral da ONU.
O discurso foi lido por Abdoulaye Maiga, primeiro-ministro interino das autoridades de transição surgidas após o último golpe militar, em 2021, que prometeu respeitar o calendário de transferência de poderes para um Governo democrático em 2024.
Maiga dedicou boa parte da sua intervenção nas Nações Unidas a acusar a França, referindo que este país "apunhalou o povo maliano pelas costas" quando anunciou unilateralmente, em junho de 2021, a retirada da força antiterrorista francesa Barkhane do país, concluída este ano, e que levou a uma grave crise bilateral e a grandes mobilizações antifrancesas em Bamako.
O responsável maliano chegou a pronunciar em três ocasiões uma frase que dizia que a França "se transformou numa junta ao serviço do obscurantismo", antes de descrever o Governo de Paris como "nostálgico de uma era colonialista, paternalista, condescendente e vingativa".
No seu discurso, Abdoulaye Maiga referiu-se ainda à responsabilidade da França no genocídio dos tutsis, no Ruanda, em 1994; ao tráfico de escravos africanos, que ajudaram -- segundo disse -- a construir a Europa do iluminismo e da modernidade; e ao recrutamento de milhares de soldados africanos para lutar nas guerras francesas.
domingo, 25 de setembro de 2022
Instabilidade na Guiné-Bissau deve-se a "cultura de masculinidade"
FONTE: LUSA
A instabilidade política na Guiné-Bissau, que celebra hoje 48 anos de independência e onde nenhum Governo terminou o mandato, está ligada a uma cultura de masculinidade exacerbada, com origens na luta pela independência, defende a historiadora Joacine Katar Moreira.
"Entre os mil motivos [da instabilidade] que os académicos, os consultores, os organismos internacionais, têm sucessivamente identificado, como o tráfico de droga, o tráfico de armas, conflitos ou tensões étnicas, há um elemento que une tudo isto, que é a cultura de masculinidade", disse a investigadora luso-guineense.
Em entrevista à Lusa a propósito do seu livro "Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau", cuja segunda edição foi recentemente lançada, a historiadora, ativista e ex-deputada à Assembleia da República Portuguesa defendeu que a "enorme instabilidade política e governativa" guineense está relacionada com a cultura de 'matchundadi'.
O conceito, conhecido de "todos os guineenses", é definido pela autora como "uma masculinidade exacerbada, hiperbolizada, com o objetivo de capturar o poder e manter o poder".
"Captura-se antes, mas imediatamente é necessário encontrar mecanismos de manutenção do poder, porque o mais difícil na política guineense não é uma pessoa aceder ao poder, é manter-se lá", disse, lembrando que nenhum executivo, em 48 anos de independência, conseguiu concluir os quatro anos de mandato.
No livro, que resulta da sua tese de doutoramento, Katar Moreira recupera a história dessa 'matchundadi' e explica-a com a época da luta pela independência, quando foi preciso unir mais de 20 etnias que coabitavam "num espaço pouco maior do que o Alentejo".
"Havia uma grande diversidade étnica que impossibilitava dizer-se 'somos um único Estado, uma única nação'. Mas havia um elemento unificador: a masculinidade".
Perante os ataques que o sistema colonial fazia às masculinidades dos homens africanos, os independentistas diziam: 'Vai admitir que o português ocupe a sua terra, leve as suas filhas, pegue a sua mulher?', exemplificou.
Amílcar Cabral e o seu Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) conseguiram assim "algo único: a união, não apenas das várias etnias, mas das várias classes" sociais do país.
Esta exacerbação das masculinidades étnicas guineenses "originou guerrilheiros implacáveis, violentos" que levou a que a Guiné fosse a única colónia a vencer a guerra colonial e a declarar unilateralmente a independência.
No entanto, esse espírito de guerrilha não terminou com o alcançar da independência e foi transposto para a edificação do Estado independente, mantendo-se até hoje, o que constitui o foco de conflitos, instabilidade e violência, em que impera a lei do mais forte e do mais violento.
Nesse contexto, o adversário é olhado como inimigo, como um obstáculo a abater, porque enquanto ele existir o poder do líder está ameaçado.
E, segundo o conceito de 'matchundadi', a única maneira de um homem recuperar a sua masculinidade é afetar a masculinidade do indivíduo que afetou a sua, o que normalmente se faz "através da eliminação física do outro".
Mas, para Katar Moreira, a origem desta cultura "é a ilusão do sistema de justiça".
"Só existe cultura de 'matchundadi' porque não existe sistema de justiça, porque existe um ambiente de impunidade em que, entre dezenas e dezenas de assassínios de figuras políticas nunca houve um julgamento na Guiné-Bissau. Foi assassinado um Presidente da República, ao mesmo tempo que o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, foram assassinados ministros, desapareceram governantes e, em 48 anos, nunca houve acusação, muito menos julgamento".
A erosão do sistema de justiça contribui para que, quem tem mais energia, mais capacidade de intimidação e mais força, mais facilmente tem acesso ao poder político.
Enquanto antes no início da construção do Estado independente esse papel era assumido por quem tinha armas, hoje há outra maneira de afirmação das masculinidades: o acesso ao dinheiro.
"Quem tem dinheiro tem capacidade de redistribuição, que é um elemento constituinte da masculinidade", disse a investigadora, sublinhando que esta é uma caraterística, não só da Guiné-Bissau, mas de África, da Europa, do Ocidente...
Para a historiadora luso-guineense, se desaparecesse a 'matchundadi', desapareceria também "o sumo que tem regado a política guineense" e a única forma de quebrar o ciclo de instabilidade no país é reforçando o sistema de justiça, sem o qual não existe "Estado de direito", e investir na Educação, desde a básica à universitária.
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O meu desejo é que possas brilhar no maior palco do futebol mundial. Boa sorte!
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Um dos implicados algemado pela policoa